segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Esse meu olhar de mulher decidida é tudo fachada. Dentro de mim habitam os sonhos mais loucos e incoerentes, que travam uma luta interna com a minha consciência, que sabe que expô-los só vai me deixar mais exposta e vulnerável, além de ganhar muitos olhares tortos.

O grande problema é que a vida não segue script. Não adianta eu querer que ela seja do jeito que eu sonhei, porque ela é rebelde e vai me mostrar da maneira mais cruel que quem comanda é ela.
Sempre idealizei, fiz planos e acabei frustrada. Após fazer análise, meditação e coaching, descobri que fazer planos é um hobby para mim. Comecei a sonhar para fugir da realidade perturbadora da minha adolescência e continuo com essa fuga até hoje sempre que algo vai mal. Correr atrás do sonho, colocá-lo em prática dá muito trabalho, eu gosto mesmo é de ver a minha vida linda em uma tela imaginária de cinema.
Eu imaginava que, beirando os trinta anos, eu fosse uma profissional de sucesso, ganhando o suficiente para morar sozinha em um apartamento legal, decorado com móveis bonitos e paredes coloridas. Faria festas e jantares para os amigos ou ficaria na rede tomando um vinhozinho e lendo um bom livro, em um dia de descanso.
Eu teria resolvido meu problema com a balança e teria um armário com roupas lindas e que escolhi porque gostei, não porque disfarçavam os pneuzinhos. Sapatos lindos, vestidos e roupas sociais, porque eu posso adorar conforto, mas sempre sonhei em ir trabalhar arrumadinha, com terninho e maquiagem da Clinique.
E no fim de semana, às 11 da manhã meu interfone tocaria, com o porteiro avisando que meu namorado estava subindo, para passar um fim de semana gostosinho ao meu lado. Iríamos almoçar fora no Jardim Oceânico, depois daríamos uma volta na praia e voltaríamos para casa, para fazer amor. Depois da soneca, acordaríamos preguiçosos e escolheríamos um filme na internet, para assistir antes do jantar. No dia seguinte acordaríamos abraçadinhos, enrolados aos lençóis de 300 fios que eu uso diariamente na minha cama king size. E mais um dia lindo se desenrolaria.
Voltando à realidade, um dia me aparece uma criatura que tem muita coisa que eu sonhei para ocupar o lugar de meu namorado. Não é lindo, mas pode ser apresentado numa boa a qualquer um. Gosta de boa música, boa comida e o mesmo bar que eu amo. A conversa com ele flui e eu vou cada vez me envolvendo mais. Temos muito em comum e os 8 anos de diferença parecem 16 em termos de experiência de vida. Ele me ensina muitas coisas e eu o admiro, com aquela cara de perdida, querendo saber tudo o que já aconteceu na vida dele e achando tudo incrível.
Mas aí o candidato dá um baita furo: diz que já se comprometeu com outra e o lance é sério: ele mora com ela. Tenta ensaiar uma história triste para justificar, mas eu não quero escutar. Fico frustrada, triste e confusa. Depois vejo que é a vida de novo me pregando uma peça: pare de idealizar, senhorita. Você não vai encontrar um cara que seja tudo o que você quer. Tenho que abrir mão de algo e não pode ser o caráter. Revisei a lista de pré-requisitos, mas ainda procuro um cara fiel, que se satisfaça somente comigo e que, mesmo que olhe para outra mulher, lembre que eu sou a mulher da vida dele. E que ele sinta muita saudade de mim e me ligue, dizendo para eu me arrumar, porque ele quer me ver.


Não sei porque,mas esse texto simplesmente me descreve...

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